ViolA de 12 cordas

Viola Rozini JV Signature 12 cordas

Muito se discute hoje sobre a existência das violas de 12 cordas distribuídas em 6 pares de cordas. Há violeiros céticos

que batem o pé ao afirmar que elas não existem, mas sim, as violas de 12 cordas existem e foram largamente fabricadas

nas primeiras décadas do século XX. Descendentes diretas das guitarras de 6 ordens européias surgidas na década

de 1760, foi o último estágio da evolução das guitarras antes do surgimento das versões com 6 cordas simples.

Não se sabe ao certo quando este instrumento chegou ao Brasil. Há pouquíssimas informações sobre o instrumento

por aqui. A mais antiga que encontrei até hoje é de uma foto datada provavelmente de 1917 aonde o famoso violonista

João Permanbuco aparece segurando uma visível viola de 12 cordas. Outra referência diz respeito a dupla Mandi e Sorocabinha,

uma das duplas pioneiras nas gravações de modas caipiras em disco pela Turma do Cornélio Pires em 1929. Mandi usava

uma viola de 12 cordas que aparece em uma foto famosa da dupla como também em um vídeo aonde o violeiro

ja de idade canta uma moda ao som dessa viola. No vídeo da para ver em detalhes a ilustre viola de 12 cordas.

Quem a usou bastante também foi seu companheiro Sorocabinha. Há várias fotos dele empunhando outra viola

de 12 cordas. A Giannini também fabricou violas de 12 cordas. Em 3 catálogos ( 1950, 54 e 60 ) há referências

e fotos da "viola portugueza", nome dado pela fábrica ao instrumento. No catálogo de 1954 inclusive há também

referência ao jogo completo de corda para esta viola. Outras marcas que também se dedicou a fabricação desse instrumento

foram a Casa Lira e a Di Giorgio, ambas de São Paulo. Há um registro de um festival de viola ocorrido nos anos 80 em

 que um dos participantes chamado Mineirinho se utiliza de uma viola de 12 cordas, inclusive o apresentador Erwin Puller

chega a tecer um comentário sobre a raridade do instrumento.

Instrumento muito interessante pois pode ser usado tanto como viola como também como um mini violão de

12 cordas, pode-se afinar de várias maneiras:

º se for usar como viola pode-se afinar como cebolão com um bordão mais grave, por exemplo, em cebolão mi maior

tem do par grave ao par agudo as notas EBEG#BE ou em cebolão em ré maior DADF#AD. Note que nos 5 pares

mais graves temos a mesma disposição de intervalos da afinação rio abaixo e nos 5 pares mais agudos temos a

afinação cebolão, portanto como viola é um instrumento duplo pois se obtém as 2 afinações ao mesmo tempo, o que

ajuda muito em ponteados, principalmente quando se pode usar técnicas de ponteios da afinação rio abaixo com batidas

que somente a afinação cebolão pode nos dar.

º como violão, afinando na tradicional afinação EADGBE, que os violeiros costumam chamar de natural. No caso da

viola de 10 cordas há a ausência do bordão, o que ja torna um pouco ingrata a reprodução de obras destinadas

a esta afinação, ou ao violão. Ja na viola de 12 cordas pode-se, além do repertório tradicional de viola, tocar

qualquer peça escrita para o violão convencional de 6 cordas, sem nenhuma adaptação, uma vez que ali esta

toda a tessitura do violão a disposição.

Não se sabe porquê este instrumento caiu em desuso a partir da década de 60. Somente 50 anos depois este

ressurge sendo resgatado nas mãos de violeiros como Heraldo do Monte, Zeca Collares, Ricardo Vignini e Junior da Violla.

Guitarra de 6 ordens espanhola do início do século XIX

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